No dia 11 de maio de 2011, a equipe do STTR-LRV esteve em Alta Floresta debatendo os desafios da agricultura familiar no atual cenário político, econômico e social. O evento marcou o inicio dos trabalhos de sistematização das experiências do PDA/Padeq (Subprograma Projetos Demonstrativos e Projeto de Alternativas ao Desmatamento e as Queimadas) no eixo da BR - 163. A oficina aconteceu na sede do ISUPP (Instituto de Pesquisa e Pós-graduação) de Alta Floresta e reuniu cerca de 18 pessoas entre técnicos, agricultores familiares e representantes das organizações parceiras para fazer um panorama da situação da agricultura familiar na região além de sistematizar os resultados obtidos pelo projeto e coletar entrevistas com os envolvidos.
 |
PDA prevê a disseminação dos conhecimentos gerados pelas comunidades |
No município de Carlinda, no setor Nazaré, o projeto apoiado pelo PDA resultou na criação do Centro Comunitário de Gestão Ambiental Integrada, uma entidade organizada e gerida pela própria comunidade de agricultores familiares, que hoje atende inclusive comunidades vizinhas. O Centro atua na assistência técnica, manejo de pastagens, controle biológico de pragas, preservação de nascentes e na comercialização da produção dos assentados, e atende um total de 100 famílias. Antônio Francismar, membro da comunidade, destaca que houve um notável aumento da produção, facilitação do comércio e integração da comunidade, com a participação ativa dos jovens.
 |
Alexandre do IOV defende a agricultura familiar |
 |
Francismar fala do Centro Comunitário |
Apesar do Centro Comunitário ter superado as expectativas iniciais, o tom dos debates foi de preocupação. As oficinas de sistematização do PDA coincidem com um momento de incertezas no cenário rural da região, com a migração de trabalhadores familiares em busca de emprego em obras de Infra estrutura, como a usinas do rio Teles Pires, que ameaça os resultados alcançados pelo projeto. Alexandre de Azevedo, do IOV de Alta Floresta, explicou que algumas famílias envolvidas no PDA no município de Carlinda deixaram o assentamento. “São pessoas que tecnicamente melhoraram sua produção, economicamente melhoraram sua renda. Mas isso não foi o suficiente para segurá-las lá.” Segundo Alexandre, isso é consequência do modelo de desenvolvimento rural adotado pelo país que concentra renda através do trabalho assalariado e alimenta a ideia de que o agronegócio sustenta o país, negando a importância que a agricultura familiar tem. “Em nossa região, metade do valor da produção sai dos agricultores familiares. O que o Agronegócio faz sistematicamente é mostrar o que gerou em dinheiro, o que exportou, etc. Ele não mostra o custo que o Brasil tem por adotar esse modelo.” Nilfo Wandscheer lembrou que o maior custo desse modelo adotado é o custo ambiental, visível através do desmatamento e da impunidade dos desmatadores. “Pra quem vai sobrar esse prejuízo todo? Pra todos nós brasileiros!” uma clara referência a votação do controverso código florestal, que poderá anistiar grandes desmatadores da floresta.
 |
Próxima oficina deve acontecer ainda em maio, em Sinop | |
O PDA/Padeq de Carlinda foi executado pelo Instituto Ouro Verde a partir de 2005
e é uma das cinco experiências que serão sistematizadas na região. O resultado da sistematização será reunido e divulgados através de cartilhas, filmes, oficinas, rádios, internet e outros meios de comunicação. Zaré Soares, da Contag de Brasília e assessor do projeto, lembra que um dos objetivos da divulgação é justamente influenciar políticas públicas que contribuam para a reprodução dessas experiências em outras áreas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário